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quarta-feira, julho 07, 2004

O que significa ganhar um campeonato? 

O prazer que sentimos ao ganhar o que quer que seja, é a admiração e o reconhecimento dos outros. Neste caso em particular, ambicionávamos o reconhecimento desportivo por parte dos povos que, por todo o mundo, acompanhavam o Euro2004.

Esse reconhecimento conseguiu-o a Grécia. A Grécia tem agora o que muitos outros países, como a França, a Itália ou a Dinamarca já tinham, e que é algo que está disponível de quatro em quatro anos para alguém ir buscar... por exemplo nós próprios em 2008 na Suíça/Áustria, ou em 2006 na Alemanha.

E o que conseguiu Portugal com este Euro? Conseguimos o reconhecimento de todos os que nos visitaram e que se renderam à nossa hospitalidade, simpatia e capacidade de realizar. Demos a conhecer, a milhões de pessoas que nem sabiam que existíamos, que somos capazes de organizar o melhor campeonato de sempre.

É tradição no encerramento dos Jogos Olímpicos que o Comité Olímpico diga que aqueles foram os melhores jogos de sempre, mas essa tradição não existe em Europeus ou Mundiais de futebol. Assim, as afirmações dos máximos responsáveis da UEFA, e repetidas ontem, fazem todo o sentido e não são palavras de circunstância. Este foi de facto o melhor Europeu de sempre: o que melhor recebeu os adeptos, o mais festejado, o mais assistido, o mais seguro, o mais cordial.

Este foi o Euro da amizade e do fair-play. Este foi o Euro em que os adeptos das selecções derrotadas se renderam ao país anfitrião e adoptaram as suas cores.

Este foi também o Euro em que o país anfitrião chega à final como grande favorito, já com a festa preparada e acaba por perder. As imagens que vão passar pelas televisões de todo o mundo não serão imagens de adeptos portugueses derrotados e despeitados a agredir os gregos vencedores. As imagens que vão passar, são as dos adeptos portugueses, numa demonstração inimaginável de fair-play a festejarem com os gregos pelas ruas, fazendo parte da vitória como se fosse sua.

Este reconhecimento de saber receber e de fair-play vai chegar de todo o mundo. Os campeões, esses ficam para as estatísticas como números.

Nós vamos ficar na memória como uma nação incrivelmente tolerante e decente. Este é um motivo de orgulho para nós e poucos no mundo se podem gabar de o ter. Imaginam os arrogantes franceses ou ingleses com esta manifestação de fair-play? Ainda na semana passada um grupo de portugueses foi agredido na Holanda por festejar a vitória de Portugal. Aqui nós participamos na festa.

Assim, apesar de naturalmente triste, sinto muito orgulho em todos nós. Não ouvi ninguém atacar os jogadores ou os seleccionadores, ou o árbitro, como era nosso hábito nas derrotas. Se calhar é porque no fundo sabemos que, no que interessa, não fomos derrotados. Acho que o nosso povo cresceu de forma espantosa!

Por isso, cabeça erguida e esperança no futuro. A partir de hoje o mundo inteiro sabe onde fica Portugal, mas melhor do que isso, sabe que lá vive um povo cheio de um nobre ilustre peito lusitano.

Viva nós!
enviado por Rute Magalhães

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