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sexta-feira, maio 28, 2004

A parceria indispensável? Até quando? 

Após ler o artigo de opinião de Vasco Rato n'O Independente deixo aqui algumas considerações.
Intitulando o seu artigo de "A parceria indispensável", Vasco Rato fala da aliança euro-americana e confere-lhe um adjectivo selectivo - "indispensável". Visão subjectiva, em meu entender, por essa indispensabilidade ser momentânea. Um momento alargado, é certo, mas momentânea. Objectivando essa suposta necessidade de complementaridade Washington-Bruxelas, Vasco dá o "tacto" aos primeiros e a "cenoura" a Bruxelas. Ora, seguindo o sentido figurado que quis dar à coisa, quem corre atrás da cenoura é o burro, mas o inteligente é aquele que apresenta a cenoura ao burro para que ele ande. Claramente, entendo a liturgia do tacto, na perspectiva de que só tem falta de tacto quem o utiliza bastas vezes e, aí, é, notoriamente, marca norte-americana, as in, às apalpadelas.
Bruxelas, ou melhor a Europa, devia partir, por enquanto apenas no papel, para uma estratégia de sobranceria europeia. Mesmo sem o impôr, a Europa tem tudo para ser sobranceira a Washington. Como Vasco Rato diz, por agora, e friso, por agora, é uma complementaridade mutuamente benéfica. Há um conjunto de causas nucleares que apenas têm sentido em união com Washington. Além disso, Londres será sempre um porto seguro dos norte-americanos, a não ser que um qualquer Zapatero ganhe as eleições em Inglaterra. Mas, a médio-prazo, um eixo europeu Paris-Madrid-Berlim-Bruxelas, teria todo o sentido de existir. Contudo, não agora. O arrepio de espinha que me causaria uma aliança com cunho de altivez germânico, é algo que me deixa enorme apreensão. É que, seguindo a metáfora de Vasco Rato, ter o tacto no meio da Europa a achar que todos em redor lhe pretendem dar a cenoura, não me agrada, além de que, correria o risco de esse asno não gostar de vegetais...

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